Aparecem as
flores na terra, o tempo de cantar chega, e a voz da rola ouve-se em nossa
terra. Cânticos 2: 12
Outro dia alguém me
disse que se emocionou com uma história
que escrevi e que precisava escrever mais, sobre minhas experiências pessoais.
Isso me deixou feliz,
mas falar de experiências pessoais nem sempre é fácil, pois as vezes vem um
leque de coisas na cabeça e com ele algumas lembranças ruins, acompanhado de algumas
lagrimas. Mas, resolvi que contarei algumas das minhas experiências. Se, de
certa forma servir pra ajudar alguém que passa ou passou pela mesma situação já
esta de bom tamanho.
Hoje resolvi falar
sobre as voltas que vida dá.
Como é triste e
dolorido você se sentir inferior. Só quem passa por isso sabe como dói quando alguém
desfaz de você. Seja porque é pobre, gordo, feio, de outra religião ou por
qualquer outro motivo...
Certa vez, era véspera
de natal e fui passar o final de ano na casa de meus avós, resolvi fazer uma
faxina só pra agradar minha vó. Minha vó não queria, mas eu sabia que ela
ficaria feliz... Estava encerando o chão da sala de jantar, quando chegaram meu
tio e minha prima. Entraram com presentes para meus avós e pararam próxima a
mesa, se abraçaram, desejaram um feliz natal, conversaram, riram e eu fiquei
ali parada quietinha num canto esperando eles saírem, mas era como se não
estivesse ali. Até que minha vó os convidou para ir pra cozinha. Abaixei minha
cabeça, não queria chorar, mas não consegui conter as lagrimas, me senti nada, como
se não existisse.
Na época era uma
adolescente, meu pai era o filho mais pobre da família do meu avô e alcoólatra,
o que fazia com que a família o deixasse de lado, geralmente nas reuniões
familiares costumava beber e sempre acabava brigando com alguém ou fazendo algo
que a gente sentia vergonha ou medo. Talvez fosse esse um dos motivos que
minhas primas desfaziam da gente.
Mas continuei ali a
encerar o chão e lagrima boba correndo. Meu tio voltou para pegar algo e meio
que percebeu, eu tentei disfarçar, mas ele se aproximou meio sem graça e disse:
Oi nega você esta ai, venha aqui que quero te dar um abraço e desejar um feliz
natal. Não foi somente desta vez que me senti inferior, que senti que fizerem
de conta que não era nada...
Certa vez fui de
férias na casa desse meu tio, porque minha prima havia insistido, tínhamos a
mesma idade (16 anos). Mas me senti muito mal na casa deles por diversas coisas
que aconteceram. E lembro-me bem de um
dia que estava olhando o álbum de fotos. Vi a praia, as dunas, fiquei
encantada, queria ver mais fotos, meu sonho era conhecer o mar. Mas minha prima
tomou o álbum, guardou a fotos e me
disse: Pra que você quer ver? Você nunca conseguira ir numa praia mesmo, melhor
você nem ficar olhando...
O tempo passou... E vou a praia e praticamente vou todos os anos a praia.
Talvez as pessoas não
percebam, não façam por mal. Mas muitos não percebem como dói, quando alguém
desfaz de você. Somos todos filhos de um mesmo Deus. E não podemos olhar e
tratar bem somente aquelas pessoas que nos interessam.
Hoje quando penso em
certas coisas que passei..
Eu agradeço a Deus
porque o sofrimento, as decepções e a tristeza, me fizeram ser mais humana, me
faz ter compaixão e entender muitas pessoas. Por isso procuro tratar todos da
mesma forma, procuro olhar além das aparências.
Eu sei que pra Deus
somos todos iguais.
Assim como sei que
hoje as pessoas podem fazer você sentir um nada, sua vida pode estar de ponta
cabeça e pode parecer que tudo dá errado.
Mas a vida da muitas
voltas e quem esta por cima, amanhã pode estar por baixo. E nessas voltas que a
vida dá, cuide pra não pisar nas pessoas, pra não se tornar amargo, frio,
egoísta e fazer com o outro aquilo que um dia fizeram com você.
Pois se lembre de que
nada é eterno...
Quando você estiver
caminhando pela estrada da vida jogue sementes de flores com aromas agradáveis
ao invés de semente de espinhos. Porque se um dia você precisar voltar pra trás. Volte pelo caminho das flores e não pelo caminho dos espinhos.
Ana L. Steiner - 14.03.2012
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